O sol nascia timidamente entre os prédios cinzentos de S?o Paulo, projetando sombras longas sobre as ruas ainda úmidas da madrugada. A cidade pulsava com seu ritmo frenético, mas para Onnerb, aquele era o come?o de algo diferente.
Pela primeira vez, ele n?o estava pensando onde dormiria ou o que comeria. Agora, seu destino era outro: sua entrada no Instituto Blackstorm.
A promessa do programa era tentadora. Uma educa??o formal acelerada, uma chance real de se preparar para a universidade — e talvez, um futuro longe das ruas. Mas para Onnerb, aquilo n?o era só um desejo. Era uma dívida.
Ele precisava retribuir o que Gregor e os outros velhos das ruas haviam feito por ele. Eles o ajudaram a sobreviver, deram-lhe abrigo, o ensinaram a se defender. Mas agora, era sua vez de seguir em frente. E o Blackstorm parecia ser o primeiro passo.O tempo se passou e veios transforma??o de OnnerbEle já n?o era mais o garoto franzino que dormia em becos e fugia de brigas quando podia. Aos 17 anos, seu corpo havia se transformado através da sobrevivência.Sua estatura era mediana, mas bem estruturada, com músculos definidos pela prática constante de luta e corridas pelas ruas da cidade. A fome e a necessidade de ser rápido haviam moldado sua agilidade e resistência. Ele n?o era o mais forte, mas compensava isso com velocidade e um instinto agu?ado para se esquivar.Seu cabelo era negro, desgrenhado, sempre bagun?ado como se o vento tivesse passado por ele segundos antes. Os olhos, castanhos profundos, carregavam uma intensidade sombria, um olhar afiado que muitos interpretavam como amea?a. Mas, na verdade, era apenas o olhar de alguém que aprendeu a ler o perigo em cada esquina.Cicatrizes discretas marcavam seu corpo, lembran?as de lutas passadas. Algumas eram cortes de faca, outras arranh?es de brigas no asfalto. Cada uma contava uma história.
Agora, vestido com o uniforme preto do Blackstorm — uma camisa de manga longa e cal?as refor?adas, com um símbolo prateado no peito — ele parecia alguém completamente diferente do menino de rua que fora um dia.
Mas, por dentro, a luta ainda era a mesma.
---
A Entrada no Instituto
O primeiro impacto foi a disciplina rígida. O Blackstorm n?o era apenas uma escola. Ele sentia isso desde o primeiro momento. O ambiente era metódico, quase militar. Havia regras para tudo: horários, posturas, comportamento.
Mas o que realmente o incomodava eram os olhares.
Desde o momento em que pisou nos corredores, sentia que estava sendo observado. N?o por todos. Mas por alguém.
E ent?o, ele o viu.
Encostado na grade do andar superior, um rapaz de aparência afiada e fria observava tudo com um olhar calculista.Seu nome já ecoava entre os alunos como alguém que n?o deveria ser subestimado.Silver era alto, com um corpo esguio, mas claramente treinado. Seus ombros eram largos, e sua postura era impecável, como se estivesse sempre pronto para reagir. Seu cabelo era prateado, cortado curto nas laterais e um pouco mais longo no topo, refletindo a luz de forma quase metálica.Mas o que mais chamava aten??o eram seus olhos cinza-gelo, vazios, sem express?o. Eles n?o transmitiam emo??es. Apenas análise.
Stolen novel; please report.
Vestia o uniforme do Blackstorm com a jaqueta um pouco aberta, sem se importar com as regras. Seus movimentos eram silenciosos, e sua presen?a... inquietante.
O jeito que ele observava Onnerb era estranho. N?o era curiosidade. N?o era surpresa.
Era como se já soubesse algo sobre ele. Como se estivesse esperando.
Por um instante, seus olhares se cruzaram. E ent?o, Silver se afastou na sombra do corredor.
Onnerb franziu a testa. Algo nele dizia que aquele n?o seria o último encontro. No dia seguiu com aulas intensas. O Blackstorm exigia raciocínio rápido e resistência física. E foi na aula de "Física Aplicada ao Corpo" que o inesperado aconteceu.
— Hoje vamos treinar combate corpo a corpo, focando em resistência e estratégia — anunciou o professor, enquanto os alunos se organizavam no tatame.
Onnerb sentiu um arrepio quando viu quem seria seu oponente.
Silver.
O olhar afiado do rapaz parecia cravar laminas invisíveis nele. N?o havia dúvida ali. Apenas desafio.
— Comecem — disse o professor.
Silver avan?ou rápido, sem hesita??o. Seu soco veio direto, e Onnerb mal teve tempo de bloquear. O impacto reverberou por seus ossos.
Ele recuou um passo, e Silver já estava em cima outra vez. Os golpes eram secos, calculados. Como se já estivesse acostumado a lutar daquele jeito.
Mas Onnerb também estava.
Quando Silver tentou um chute alto, ele girou o corpo e desviou, aproveitando para contra-atacar com um soco no est?mago. Silver absorveu o golpe e sorriu de canto.
Como se esperasse aquilo.
A luta intensificou-se rapidamente. Ambos atacavam e defendiam num ritmo perfeito, como uma dan?a violenta. Onnerb notava o estilo de luta de Silver — rápido, eficiente, sem movimentos desnecessários.
Mas Onnerb também era imprevisível.
Num movimento brusco, ele tentou desequilibrar Silver, mas o adversário usou o próprio impulso para girar no ar e aterrissar firme no ch?o.
Ambos se encararam, suados e ofegantes.
E ent?o, partiram para o golpe final.
Punhos fechados. For?a máxima.
Mas antes que pudessem se acertar—
O professor agarrou os bra?os dos dois, interrompendo o impacto.
— Chega! — sua voz ecoou pelo tatame. — Isso n?o é uma briga de rua. é um treinamento!
Onnerb e Silver permaneceram imóveis por um instante, seus olhares ainda travados um no outro. O professor soltou-os e apontou para os bancos ao redor do tatame.
— V?o para os seus lugares. Agora.
Os dois obedeceram, mas Onnerb n?o conseguia tirar da cabe?a uma única certeza.
Essa luta ainda n?o acabou.Foi ai que a dor nos músculos veio mais forte quando a adrenalina passou. Hematomas já come?avam a surgir.
— Vai para a enfermaria — disse o professor.
Onnerb n?o discutiu. Caminhou até lá, sentindo a exaust?o pesar sobre ele.
O cheiro de antisséptico o envolveu quando entrou. A enfermeira examinou seu rosto, aplicando uma compressa gelada no corte perto de seu olho.
Quando se sentiu pronto para sair, ergueu-se e caminhou até a porta.
Girou a ma?aneta.
E congelou.