Me desesperei ao pensar que a morte se aproximava, mas confesso: agora que passei por isso, vejo que o meu maior pavor foi mesmo quando me preparava para nascer.
O ataque foi t?o violento e brutal que todo o batalh?o danatuá foi dizimado em um tempo extremamente curto.
Gadhiel e Haamiah se puseram apressados a recolher as inúmeras centelhas do campo de guerra assim que liberadas. Com alivio conferiram que elas estavam fortes ainda e que logo estariam restabelecidas. Ent?o se voltaram e encontraram Adanu vivo e quase sem ferimentos, que continuava sua vida solitária.
- Foi melhor – cismou Haamiah.
- N?o sei, meu amigo – falou Gadhiel, os olhos pensativos no curupira, seguindo sua amargura pela desistência dos danatuás e a consequente descida das montanhas.
Abanaram a cabe?a desalentados quando Adanu foi aprisionado e julgado pelo conselho dos anci?es, por ter demonstrado de forma veemente sua insatisfa??o com o modo como a guerra dos vivos terminará.
Gadhiel acabou dando de ombros, porque aquele fora um ponto de estrangulamento que só refor?ara a linha de tempo para os mostradores do caminho.
- N?o ter é melhor que perder? – se perguntou procurando mudar de assunto, se referindo a Adanu n?o ter se encontrado com Bella.
- No meio dessa guerra, acho que foi melhor que n?o tenham se encontrado. E, foi até melhor que, mesmo estando no mesmo batalh?o, eles n?o tenham se reconhecido como família – disse, se lembrando como n?o conseguiam reunir Mulo, Valentina e Sol com Adanu.
Gadhiel n?o pode deixar de sorrir, lembrando dos inúmeros esfor?os que haviam empreendido para que os quatro que haviam descido se sincronizavam, o que se mostrou quase impossível.
- Providência divina – sorriu observando os três fractais que despertavam. - A guerra fez os caminhos ficarem tortuosos demais.
Com paciência os dois aguardaram, até que os fractais se mostraram plenos novamente. A primeira a se recuperar foi Sol, que ficou observando-os por alguns segundos.
- E Avenon? - Sol perguntou, se postando ao lado de Gadhiel e Haamiah.
- Ele conseguiu passar pela guerra. Ele está respondendo ao conselho de anci?es, e será inocentado – falou, descortinando para todos a vis?o de um jovem curupira de aspecto triste, ainda que orgulhoso.
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- Como entrantes n?o funcionamos muito bem – Valentina observou, se postando ao lado de Sol. – Eu me embaralhei muito com os meus poderes. Foi terrível, e muito sofrido. A confus?o era muito intensa.
- Acho o mesmo. N?o gostei de ser um entrante – concordou Mulo surgindo também.
- Percebemos isso também... Acho que devemos tentar uma outra abordagem: sementes... – aventou Gadhiel.
Mulo tirou os olhos de Gadhiel e os postou nos amigos.
- Memórias e poderes?
- As memórias ser?o recompostas a partir já de uma tenra idade, quando poder?o conviver com ela e aceita-las como parte de uma experiência. Quanto aos poderes, ter?o tempo para se acostumarem com eles enquanto v?o envelhecendo.
- Uma nova era já está nascendo agora – falou Haamiah. – Milhares e milhares de centelhas cumpriram as miss?es que se deram, enquanto outros milhares de seres ainda n?o se sentem satisfeitos. Essa guerra n?o terminada ainda levará muito tempo para recome?ar.
- Como deve ser – falou Valentina. - Por enquanto está tudo bem, ali. Os danatuás quase cometeram uma covardia com Adanu e com os outros, mas agora está tudo certo. Ent?o resolvemos, eu e Mulo, que vamos ficar um tempo com Lázarus, Ariel e Derfla. Os veladores ainda v?o demorar um pouco para surgirem como tal.
- Quanto a isso é verdade – Haamiah sondou. - Uma linha de tempo promissora para os veladores, que tem o maior potencial, ainda está muito à frente, perto de uns 90.000 anos ainda – confirmou.
- Tempo mais que suficiente para dar uns empurr?es na Ordem – riu Mulo. – Além disso, estou com muitas saudades das crian?as – sorriu. - Quanto a você, minha irm?zinha – se dirigiu carinhosamente para Sol, - cuide bem de Avenon, e nos chame se precisar. Até acho que a quantidade de vezes em que descerá terá pouca importancia até que consigam a linha de tempo que os unirá. Uma experiência interessante e diferente, n?o é mesmo? Temos que achar uma forma de nos encontrarmos mais rapidamente, e isso você vai aprender e nos ensinar porque, se n?o soubermos como nos encontrarmos, estaremos muito enfraquecidos.
- Isso é verdade... Viram como foi difícil para Lázarus e Ariel? – lembrou-se Gadhiel abrindo um franco sorriso.
- O caso deles foi um pouco diferente, n?o foi? – Valentina riu também.
- Havia animosidade entre eles, mas eles acabavam se encontrando, n?o?
- A for?a de um sentimento é um poderoso atrator. No caso dele era amor, e no caso dela era um tremendo ódio.
- Quer dizer que Sol e Avenon n?o se importam tanto um com o outro? – Mulo fez ar de zombaria, observando Sol com um sorriso nos lábios.
- Deixa de ser chato – ralhou, dando uma cotovelada no amigo. – O stresse da guerra, somado com a confus?o em que estávamos foi muito pesado – Sol pensou alto. - Vamos ver como as coisas v?o ficar, n?o é mesmo?
- Eu sei disso, e estou brincando. Sei o quanto é difícil. Eu e Valentina ficamos perto muitas vezes, e nem nos reconhecemos – Mulo falou, puxando Valentina para si. – Foi bem difícil.
- Ent?o está certo! Vocês v?o e eu e Avenon vamos ficar. Mas, isso depois. Por agora quero apenas descansar um pouco, ficar seguindo Adanu sem descer. N?o quero descer por algum tempo – falou Sol.
- é compreensível... – concordou Gadhiel. – Além disso, a decis?o sempre é sua. Quando seu momento chegar você saberá. E quanto a vocês, sabem quando v?o partir?
- N?o por agora. Vamos ficar algum tempo com Sol e Adanu...
Sobre este ocorrido verificar no livro I de "Os Danatuás", do mesmo autor.
Esta passagem está bem documentada na série "Os danatuás", do mesmo autor.