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O caçador amaldiçoado

  Capítulo 1 – O Legado do Impuro

  [00:11 – Relatório Iniciado | Zona Sul, Setor 8B]

  — Sinal confirmado. Um dem?nio de classe baixa cruzou a fenda na madrugada. Deve estar se abrigando nas ruínas do prédio abandonado no setor 8B.

  A voz firme de Serena (rank S) ecoa no comunicador dos três ca?adores novatos, estacionados em um carro da organiza??o. Eles observam o prédio à frente com nervosismo evidente. Um deles engole em seco, o outro verifica a muni??o.

  — O protocolo é simples — diz Serena. — Selos de conten??o padr?o, muni??o de prata. Entrem, neutralizem, saiam.

  Eles assentem. Mas nenhum deles percebe o erro — o tipo de erro que só alguém experiente teria notado: o dem?nio detectado, era uma emboscada, algo pior que estava por vir.

  [00:13 – Aposta Idiota]

  Do outro lado da rua, um carro comum. Dois amigos civis ri nervosamente enquanto ajustam uma camera.

  — Você tem certeza que é aqui?

  — Tenho! Olha o símbolos nas paredes. A gente entra, filma o ritual no andar de cima e vaza. Rende mais views que vídeo de trollagem.

  Eles n?o sabiam que o prédio estava ativo. Nem que estavam entrando num campo de ca?a.

  [00:19 – Kael Draven]

  Kael Draven dirige pelas ruas sujas da Zona Sul em seu Impala 1967 preto, o ronco grave do motor vibrando pelo asfalto. O painel ao seu lado está entulhado de papéis, mapas e um notebook rodando fóruns arcanos ilegais. Ele ca?a por conta própria, cruzando pedidos an?nimos com sua própria base de dados — rituais, relatos, imagens térmicas e rumores.

  “Presen?a sombria. Três civis sumidos. Marcas queimadas no ch?o. Port?o ativo.”

  Isso está estranho demais

  Seu instinto alerta. Ele já tinha visto emboscadas demais para ignorar o cheiro de enxofre no ar.

  E ent?o...

  Tiros. Gritos. Um rugido.

  Kael acelera o passo e entra no prédio sem hesitar.

  [00:21 – A Verdade Revelada]

  Três jovens ca?adores — Riven, Thorne e Calla — patrulhavam o prédio velho , guiados por um selo demoníaco ativado horas antes. Eles haviam recebido um relatório de um dem?nio menor de Rank D — fácil, direto, uma miss?o de rotina.

  Tudo parecia sob controle.

  — O alvo está preso. O círculo ainda está firme — disse Riven, os olhos fixos no ch?o marcado com sal grosso e runas vermelhas.

  O dem?nio ali contido mal se debatia. O corpo magro, esquelético, se contorcia, mas já n?o possuía energia. Calla havia feito o exorcismo com perfei??o.

  — Isso foi mais fácil do que eu imaginava — disse Thorne, baixando a arma.

  Mas eles n?o estavam sozinhos.

  Dois civis — jovens locais, com uma camera em m?os

  — Ei, o que vocês t?o fazendo aqui?! — Calla tentou contê-los, mas já era tarde.

  Um brilho púrpura rompeu do ch?o.

  O círculo de conten??o trincou.

  Um pulso de energia sombria atravessou o local como um trov?o silencioso quebrando o circulo de sal que os protegia.

  No centro do circulo se abre oque parecia ser uma fenda. Um dos civis olham para o portal e entra em desespero e sussurra "estamos ferrados".

  A criatura no centro come?ou a rir.

  — Uma casca... perfeita.

  O cadáver do dem?nio menor sacudiu, como se algo tivesse entrado nele. Um segundo depois, sua coluna se estalava, os ossos crescendo. Chifres irromperam do cranio. O corpo inteiro se distorceu.

  Um dem?nio de Rank B — havia possuído o corpo vazio.

  Um dos civis tentou correr.

  A criatura agarrou-o pelo pesco?o e o esmagou contra uma viga de madeira. O sangue espirrou como tinta.

  O segundo civil congelado, come?ou a rezar.

  Os ca?adores com suas armas carregas com bala anti- dem?nios come?am a disparar, mas nada parece surgir efeito, o dem?nio parecia ter um poder escondido.

  O dem?nio ri e diz — EU ESPERAVA MAIS DOS HUMANOS — atacando um dos ca?adores.

  Riven é atacado com um passe de magica seu corpo é destruído com apenas um toque .

  Thorne é jogado na parede, e o dem?nio ri e diz Calla é a próxima , enquanto a garota chora desesperadamente.

  O dem?nio prepara seu ataque até que algo chega.

  [00:22 – A Chegada do Impuro]

  Kael irrompe pela entrada. Um só movimento e sua espada negra já está desembainhada. Um corte limpo. Decapita??o instantanea.

  Mas o corpo do dem?nio n?o morre em silêncio.

  A cabe?a rola no ch?o, os olhos ainda vivos. A voz ecoa, distorcida, cruel:

  — Você... carrega o traidor. O dem?nio corrompido. O ladr?o do tempo...

  — TRAIDOR!

  Kael empalidece. Ele n?o entende. Mas sente a marca em seu bra?o aquecer, como se reagisse às palavras.

  O dem?nio se desfaz em fuma?a negra.

  [00:24 – A Marca e o Selo]

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  O sobrevivente civil come?a a se contorcer. Seus olhos se tornam abismos. Um novo dem?nio tenta escapar da conten??o, buscando outro corpo.

  Kael saca sua pistola antiga — e dispara uma bala gravada com um selo de aprisionamento.

  A muni??o n?o mata o hospedeiro. Ela prende a entidade demoníaca no interior da cápsula, selando-a em pleno ar.

  Os ca?adores olham, perplexos.

  — Como você fez isso?

  Kael apenas aponta para a bala.

  — O segredo n?o é a arma. é a muni??o.

  Eles jamais tinham visto aquilo. Conheciam os selos. Mas ninguém os colocava em projéteis. Esse era um truque antigo, pessoal — um segredo herdado.

  Kael olha para os símbolos no ch?o. Um padr?o ritualístico incompleto. E entende tudo.

  Era uma emboscada .E diz para os ca?adores.

  — Deixo esse outro para vocês cuidarem.

  [01:03 – Interrogatório]

  O garoto possuído é levado para a base da organiza??o, onde selos de conten??o cobrem paredes, ch?o e teto.

  Serena comanda o interrogatório.

  O dem?nio, imobilizado, sorri por trás da carne:

  — Vocês malditos atrapalharam nossos planos. - diz o dem?nio

  — Quais planos?? - pergunta Serena.

  — Vocês acham mesmo que a emboscada era pra fracos como os seus ca?adores?.

  — O desgra?ado que cortou a minha cabe?a... - diz o dem?nio

  — Cortou sua cabe?a? Mas... você n?o é outro desgra?ado que passou pela fenda?. Diz Serena.

  O dem?nio sorri enquanto diz o nome do ca?ador.

  — Kael Draven... eu vou matar todos nesse prédio.

  Serena congela.

  Mais tarde, sozinha, ela vasculha os pertences antigos de seu pai — um dos fundadores da organiza??o antes que ela fosse oficializada.

  “Alaric Draven me confiou uma lamina quebrada com uns selos estranhos. Disse que sua família havia sido morta. Nunca os conheci apenas o ouvia dizer sobre seus filhos... . Depois daquela noite, ele desapareceu. Só restou a espada. E uma última ordem: ‘Proteja o que resta. Proteja o amuleto.’”

  [01:28 – O Informante]

  A equipe cruza imagens de seguran?a. Em um dos vídeos, Kael aparece entrando em um bar isolado que pertence a Marcus um informante civil, especialista em tráfico de artefatos mágicos.

  A organiza??o vai até o bar de Marcus e o encontra vazio, exceto pelo cheiro de mofo e cerveja velha no ar. A equipe entra sem chamar aten??o, mas a presen?a de Serena é suficiente para congelar Marcus, sentado no fundo, mexendo em um baralho de cartas velhas.

  Ela se aproxima com calma, deixando um pequeno dispositivo sobre a mesa. O visor exibe imagens de seguran?a: Kael entrando no bar dias atrás.

  — Vamos pular as formalidades. é ele, n?o é?

  Marcus observa, tenta parecer desinteressado, mas os olhos denunciam o medo.

  — Ele... n?o usa nome real. Ninguém sabe de onde veio. Só aparece, pega o servi?o, e some. Como um fantasma.

  — Você passou o trabalho da Zona Sul pra ele. Sabemos disso — um dos ca?adores diz, encostando na cadeira ao lado. — Estamos tentando evitar que mais pessoas morram. Ent?o colabore, Marcus.

  O informante olha para Serena, como se procurando uma brecha. Mas o olhar dela é duro como a?o.

  Ele suspira, derrotado.

  — Hotel Sombra Azul. Fica no entroncamento 19 da via leste. Quarto 16, se ainda estiver por lá. N?o costuma ficar muito tempo no mesmo lugar.

  Serena franze o cenho.

  — Você se arrisca muito por alguém que mal conhece.

  Marcus solta um riso curto, amargo.

  — Eu conhe?o monstros. E, sinceramente... ele é o único que garante que esse vermes v?o voltar do buraco de onde saíram .

  Ela se levanta sem responder. Os agentes a seguem, e quando alcan?am a porta, Serena para por um instante e olha por cima do ombro:

  — Se ele n?o estiver lá… a gente volta. E dessa vez, você fala mais do que só um endere?o.

  Marcus engole seco e observa o trio desaparecer na noite.

  [01:36 – Roubo e Emboscada]

  O quarto era escuro, iluminado apenas pela luz do monitor. Kael digitava rápido, alternando entre fóruns fechados, sites com alertas de fendas mágicas e comentários an?nimos sobre "movimentos estranhos na Zona Norte".

  O colar com o amuleto antigo pendia de seu pesco?o, visível por debaixo da camisa de flanela, balan?ando suavemente com cada respira??o.

  


  “Dem?nio menor no Cemitério Velho... provável classe D, mas relatos de mudan?a de comportamento em corpos exorcizados. Pode ser outra mente superior tentando passar…”

  Ele estreita os olhos.

  — Isso já aconteceu antes…

  Ent?o ele sente. Uma leve mudan?a na press?o do ar.

  O farfalhar do silêncio sendo quebrado do lado de fora da porta.

  Merda. Me acharam!.

  Kael se levanta num salto, fecha o notebook e corre até a janela. Empurra a moldura e come?a a escalar para fora — os telhados do hotel eram antigos, mas conhecia rotas de fuga.

  Mas o destino muda em segundos.

  A porta é arrombada.

  Três agentes da organiza??o entram com armas em punho. Serena está entre eles, calma, com o olhar fixo no alvo.

  — Draven. A brincadeira acabou.

  Kael rola pelo ch?o e, em um movimento rápido, puxa a pistola do coldre nas costas. Os tiros s?o secos, certeiros — dois agentes caem com disparos nos ombros e pernas. Nada letal. Ele n?o queria matar.

  — Vocês ainda subestimam um freelancer…

  Ele corre e salta pela janela, aterrissando com um rolamento perfeito no beco lateral. O amuleto ainda está em seu peito. Ele sorri.

  — Já era.

  Mas no instante em que vira a esquina… uma luz atravessa o ar.

  Kael sente o impacto em cheio no ombro.

  Ele cai de joelhos, respira??o curta.

  — O quê…?

  Serena surge do lado oposto, saindo da sombra. O olhar tranquilo. A arma ainda em punho.

  — Você desviou... mas o colar n?o.

  Kael olha para o peito.

  O amuleto n?o está mais ali.

  — Filha da—

  Ele se levanta num tranco e corre atrás dela. A persegui??o dura meio quarteir?o. Ele quase a alcan?a… mas n?o vê os dois homens encapuzados nos telhados.

  Três dardos.

  Um no pesco?o. Dois nas costas.

  O mundo gira. As pernas vacilam. O asfalto vem de encontro ao rosto.

  A última coisa que vê antes de apagar… é Serena segurando o colar.

  O brilho antigo do amuleto refletido nos olhos dela.

  [01:40 – O Segredo Silenciado]

  Preso em uma cela ritualizada, Kael é interrogado. Serena joga a lamina negra na mesa. Em seguida, abre o diário antigo de Alaric Draven — o pai de Kael.

  — Ele confiou isso ao meu pai. Nos ensinou alguns truques. Antes de desaparecer... deixou um pedido.

  Ela mostra a frase:

  “Proteja o amuleto.”

  Kael abaixa a cabe?a.

  — é o que eu venho fazendo minha vida inteira...

  Em busca de respostas, a equipe vasculha seu carro e quarto de hotel. No porta-malas, em um fundo falso, encontram várias armas modificadas. Em uma caixa de madeira, o diário de seu pai e uma foto antiga: um homem de olhar severo, uma mulher sorridente e duas crian?as — Kael e seu irm?o mais novo.

  Tudo é levado à sede da organiza??o.

  Durante novo interrogatório, Kael responde com honestidade:

  — A marca... sempre esteve comigo. N?o lembro como ou quando apareceu.

  — E o amuleto? — pergunta Serena.

  — Meu pai me deu. Disse para protegê-lo a qualquer custo.

  — E a espada como funciona? Falaram que foi capaz de matar o dem?nio, mas n acredito nisso.

  — Estava com o carro. Foi deixada pra mim. E sim ela é capaz de matar qualquer coisa, bom pelo menos quando eu a uso.

  — Você sabia que seu pai conhecia o meu?

  Kael nega com a cabe?a.

  — Eu n?o o vejo há mais de cinco anos.

  Serena cruza os bra?os, pensativa.

  — Só vai receber suas coisas de volta quando provar que posso confiar em você.

  — E como você pretende medir isso?

  Ela sorri de lado.

  — Com uma miss?o.

  [02:00 – O Novo Trabalho]

  — Um hospital abandonado, Zona Industrial. Cinco mortes confirmadas nos últimos dias.

  Todas envolvendo civis que entraram por conta própria. Além disso, perdemos três ca?adores rank C. Nenhum corpo recuperado.

  Kael franze o cenho. Ela continua.

  — O sinal da criatura permanece no interior do prédio. N?o saiu, n?o fugiu. Está lá dentro. N?o sabemos o motivo, c?es do inferno n?o costumam ser territorialista.

  — Quantos est?o lá dentro?

  — N?o sabemos ao certo.

  Ela joga um arquivo em cima da mesa. Imagens tremidas. Rastro de garras. buracos estranhos nas paredes.

  — Vai ter ajuda. Um ca?ador de apoio rank C. E uma ca?adora de combate rank B. Você irá com eles.

  Kael sorri de canto, mas levanta o olhar, desconfiado.

  — E a espada ela ? O amuleto?

  — Ficam aqui.

  A resposta é fria e direta.

  — Você vai descer naquele inferno sem eles.

  Vai mostrar que é confiável. Vai mostrar que n?o está apenas tentando proteger sua pele... ou esconder o que carrega.

  Ela se aproxima, encara-o de perto.

  — Se sair vivo. Se cumprir a miss?o. Se n?o tentar fugir ou esconder informa??es...

  Talvez, só talvez, devolvamos o que é seu.

  Kael aperta os punhos. O silêncio é denso. Ent?o ele solta um suspiro.

  — ótimo. Sempre gostei de hospitais... cheios de coisas mortas.

  Serena vira-se para sair. Antes de cruzar a porta, diz sem olhar pra trás:

  — Sua equipe parte as 22h00. N?o se atrase.

  E n?o tente nada.

  [22:00 – O Hospital]

  Kael segue, com uma bolsa nas costas e olhar firme.

  — Vamos mandar esse desgra?ado de volta pro inferno.

  Fim do Capítulo 1

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