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O eco do divino

  O vento da madrugada ainda soprava frio quando Li Tian desceu da colina. Seus passos estavam hesitantes, como se seu corpo ainda n?o fosse inteiramente seu. A lamina quebrada, agora envolta por uma atadura improvisada, vibrava levemente em sua m?o — n?o com violência, mas com uma estranha cumplicidade.

  Ele n?o sabia o que havia mudado. Mas sabia que havia mudado.

  Cada respira??o parecia mais profunda. Cada som ao seu redor mais nítido. Ele ouvia o bater das asas de um pássaro distante, o rastejar de vermes sob a terra, até o pulsar do próprio sangue em suas veias.

  — Isso é… o poder de um deus? — murmurou.

  “N?o.”

  A voz de Yu Shen soou dentro de sua mente, profunda como o abismo. “Isso é apenas o despertar. Seu corpo é fraco. Seu espírito, inexperiente. Se quer sobreviver… terá que me obedecer.”

  Li Tian parou.

  — E se eu n?o quiser?

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  “Ent?o será esmagado pela primeira fera espiritual que cruzar seu caminho.”

  Silêncio.

  Ent?o, Li Tian assentiu.

  No dia seguinte, ele voltou ao Cl? Bai, escondendo a lamina sob os trapos. Seus olhos estavam diferentes, mais intensos. Mas ninguém percebeu. Para os outros, ele ainda era o “lixo da vila”.

  Enquanto carregava sacos de arroz no armazém, ouviu risadas.

  — Olhem só, o rato voltou. Acha que pode cultivar só porque sonhou com isso ontem? — disse Bai Ren, o jovem herdeiro, rindo com desdém. Seus seguidores o acompanharam, como sempre.

  Li Tian ergueu os olhos, mas n?o respondeu.

  N?o precisava mais.

  “Você quer esmagá-los?”

  Yu Shen sussurrou, quase provocando.

  — N?o — respondeu ele, com firmeza. — Ainda n?o.

  Mas quando os olhos de Bai Ren encontraram os de Li Tian, algo o fez hesitar. Um calafrio. Como se, por um instante, estivesse olhando para outra coisa. Algo antigo… e perigoso.

  Naquela noite, Yu Shen o guiou.

  Dentro da colina, havia uma nascente espiritual esquecida. Fraca, mas ainda viva.

  “Mergulhe. Medite. N?o lute contra a dor. Aceite-a.”

  Ao tocar a água, o mundo de Li Tian se despeda?ou.

  Imagens surgiram — memórias que n?o eram suas.

  Batalhas no céu. Planícies queimadas. Gritos de ra?as que nem existiam mais.

  E em meio ao caos, a armadura dourada de Yu Shen, caminhando como um imperador entre mortos.

  Li Tian gritou, mas sua voz n?o saiu.

  Seu corpo queimava.

  Sua alma ardia.

  Seus ossos rachavam por dentro.

  Mas ele n?o recuou.

  Horas depois, emergiu da água arfando, mas com os olhos acesos em fogo.

  Na palma da m?o, uma marca havia surgido — um símbolo ancestral, curvo como uma serpente e com um núcleo em espiral.

  “O primeiro selo está completo,” disse Yu Shen. “Agora, você poderá tocar a energia espiritual. N?o com a for?a… mas com a vontade.”

  Li Tian sorriu.

  Pela primeira vez, n?o de amargura… mas de promessa.

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